E de tudo ao meu redor, apenas teu timbre que tem um pingo de decência neste cômodo prostituído de solidão. O batom encarnado borrado, as meias negras rasgadas, o delineado dos olhos já não tão definido quanto a imagem de recém-pintado. Cansaço. Vago pelo mundo à procura de algo que se assemelhe ao que um dia me provaste ser sincero. Hoje o que possuo? Apenas a chave de casa da qual volto sempre acompanhada de minha pobre sombra e aos meus pés, sapatos surrados de uma vida de estrada, carregando apenas o necessário, me virando a cada milha. Talvez eu tenha de ser só. Sozinha comigo. Mesmo querendo ser sozinha contigo, talvez eu tenha de ser só. Batendo a poeira das botas na quina das calçadas, usando o telefone público para deixar um recado qualquer e escutando beatles no bar da esquina. Talvez eu tenha de ser só. Sei que somente tuas palavras possuem a certeza e clareza que preciso ouvir, quando me encontro na dúvida de qual azul é o mais tranquilo. Me deixaste na intriga de sonhar como uma jovem composta de energias ou de resmungar como uma velha que sente falta das forças nas pernas. Porque sonho contigo e sinto não ter mais forças para lutar. Talvez eu tenha mesmo de ser só. Só comigo. Mesmo querendo ser só contigo.
— Só comigo por Laryssa Casvine.
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